terça-feira, julho 19, 2005

Crase ataca Nova York


O office-boy de Pasquale, o professor, me confidenciou que está inquieto. Ele, que já foi a Nova York e gosta da cidade, não costuma usar artigo antes do nome daquela que já foi chamada de Nova Amsterdã numa época em que lá só havia vícios, desordem e corrupção - algo como a Brasília de hoje, só que sem Niemeyer. Afinal, continuou, ninguém diz "A Nova York está barulhenta hoje" ou "vou na Nova York e já volto", a não ser, nesse último caso, que seja uma padaria ou bairro da zona leste. Por isso, causou estranheza a crase em "viagens à Nova York". Bom entendedor que é, o valoroso assistente imaginou ali uma possível ausência do complemento "cidade" - "viagens à cidade de Nova York, vá lá, é o que queriam dizer", pensou ele - mas não havia "cidade" no texto. Assim, pensou, fosse ele o autor, escreveria simplesmente "a Nova York", forma tão elegante quanto a Big Apple.

Nenhum comentário: