Enquanto toda a mídia da esquerda e da direita sai à procura de Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes por toda a América Latina, o QI Negativo sai na frente e, num furo de reportagem (ou seria uma reportagem furada?), publica uma entrevista exclusiva com o cantor fujão. Ou quase isso: é que todas as respostas a nossas perguntas puderam ser encontradas na letra de "Apenas um Rapaz Latino-Americano", um dos maiores sucessos do brega-pop de protesto dos anos 70. Confira.
QI Negativo – Vamos à pergunta fundamental. Por que você sumiu?
Belchior – Descobri que a vida realmente é diferente. Quer dizer, a vida é muito pior...
QI – Então o que você teve foi uma crise de depressão.
Belchior – Já passou. Para mim tudo é divino, tudo é maravilhoso...
QI – Por onde você andou por todo esse tempo?
Belchior – Sei me esconder. Eu vim do interior, não tenho parentes importantes.
QI – Mas seu rosto é conhecido em todo o país. O que você vestia para não chamar atenção?
Belchior – Só moda popular. Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve.
QI – Dizem que você teria fugido porque não queria pagar pensão alimentícia. É verdade?
Belchior – Que é isso... Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco.
QI – Outra versão que corre é que você teria sofrido ameaças de morte...
Belchior – Uma vez, durante um show em Las Vegas. Eu gritei “Não saque a arma no saloon, eu sou apenas o cantor...”
QI – E o agressor, foi detido?
Belchior – Na hora. Depois ainda provoquei: “Mas, se depois de cantar, você ainda quiser me atirar, mate-me logo!”
QI – Ninguém deixa realmente tudo para trás. O que você trouxe consigo?
Belchior – Trouxe de cabeça uma canção do rádio. Mais nada.
QI – Mas não é perigoso perambular assim, sem destino? Como você se defende?
Belchior – Cantando. Você sabe: sons, palavras, são navalhas...
QI – Aliás, dizem que suas músicas são precursoras do rap, quase declamadas...
Belchior - Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve.
QI – Ok, liberdade de criação é tudo... Mas mudando de assunto, o que você tem feito nesses meses de sumiço?
Belchior – Tenho ouvido muitos discos, conversado com pessoas...
QI – Muita gente tem sentido sua falta. Inclusive os fãs. Qual seu recado para eles?
Belchior – Eu não posso cantar como convém sem querer ferir ninguém.
QI – E dá para dormir tranquilo sabendo que há pessoas preocupadas com você?
Belchior – Isso me incomoda menos que papo, som, dentro da noite. Aí é que eu não prego o olho.
QI – É difícil sumir sem chamar a atenção. Você teve ajuda de algum amigo?
Belchior –Não tenho um amigo sequer.
QI – Seu carro tem estado num estacionamento do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, há meses. Sabia que não se pode largar um carro assim por tempo indeterminado?
Belchior – Sei. Tudo é proibido. Aliás, não. Tudo é permitido – até beijar você no escuro do cinema, quando ninguém nos vê...
QI – Isso por acaso é uma cantada homossexual?!? Foi por isso então que você largou tudo para trás?
Belchior – Não se preocupe, meu amigo, com os horrores que eu lhe digo. Isso é somente uma canção.
QI – Bem, melhor terminar por aqui. Obrigado pela entrevista.
Belchior – Por nada! Também tenho pressa. É que à noite tenho um compromisso e não posso faltar.
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Um ESQUETA em pleno inverno!
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